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TRÂNSITO DE MERCÚRIO - 11 de novembro de 2019
(créditos: Vaz Tolentino.)

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TRÂNSITO DE MERCÚRIO - 11 de novembro de 2019

(créditos: Vaz Tolentino.)

TRÂNSITO DE MERCÚRIO ATRAVÉS DO HEMISFÉRIO VISÍVEL DO SOL EM 11 DE NOVEMBRO DE 2019.

Um pouco de História:

A primeira observação do trânsito de Mercúrio na história da humanidade:

O astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler (1571 – 1630) anunciou em 1627, sua previsão de que Mercúrio atravessaria a face do Sol em 7 de novembro de 1631. Munido dessa informação, o astrônomo, filósofo e matemático francês Pierre Gassendi (1592 – 1655) foi o primeiro terráqueo a observar um trânsito de Mercúrio, utilizando uma técnica de captação de luz solar, através de um pequeno buraco redondo, com projeção numa tela branca, no interior de uma sala escura.

O transito de Mercúrio e a pista para calcular pela primeira vez a distância Terra – Sol:

O astrônomo e matemático britânico Edmond Halley (1656 — 1742), amigo do astrônomo e cientista inglês Isaac Newton (1643 — 1727), depois de observar um trânsito de Mercúrio, percebeu que o pequeno planeta era visto em posições diferentes no disco solar, ao mesmo tempo, para observadores em diferentes locais da Terra (tal fenômeno também ocorre nos casos de ocultação lunar, quando observadores em pontos diferentes da Terra, visualizam a imersão de um planeta (e depois a emersão) em pontos diferentes do disco lunar).

Ao comparar a diferença das posições de Mercúrio no disco solar, em relação à diferença de posições dos observadores na Terra, Edmond Halley descobriu um caminho tão desejado para calcular a distância da Terra ao Sol.

Assim, mais de 25 anos após a morte de Halley, os astrônomos da época finalmente puderam usar um trânsito de Vênus ocorrido 1769, para fazer os primeiros cálculos mais precisos da distância Terra-Sol.

O Trânsito de Mercúrio através do disco solar em 11 de novembro de 2019:

Trata-se de um evento celeste de ocorrência relativamente rara. Da posição de nosso planeta em Sistema Solar, apenas os trânsitos de Mercúrio e Vênus são possíveis de serem observados, pois ambos estão mais próximos do Sol do que a Terra (possuem órbitas internas - suas órbitas estão entre o Sol e a órbita da Terra).

O evento de hoje (11/11/2019) é o quarto dos catorze trânsitos de Mercúrio que ocorrerão ao longo do século XXI. Porém, os trânsitos de Vênus são muitos mais raros, pois ocorrem em pares, com mais de um século separando cada par.

No dia de hoje, Mercúrio começou sua jornada pelo hemisfério visível do Sol próximo das 9h35m hora local (12:35 UT), atingiu seu ponto máximo às 12h20m hora local (15:20 UT) e finalizou seu percurso às 15h04m hora local (18:04 UT). De forma completa (início ao fim), o trânsito de hoje pôde ser visto na América do Sul, América Central, no leste da América do Norte, no sul da Groenlândia e numa pequena porção da África Ocidental.

Algumas informações sobre Mercúrio:

Mercúrio é um planeta rochoso, com superfície coberto por inúmeras crateras de impacto. Tem atmosfera fina e não possui lua. Mercúrio é o menor planeta do Sistema Solar. Seu diâmetro médio é igual a 4.880 km (para efeito de comparação, a Lua tem 3.474,2 km de diâmetro). Apresenta gravidade na superfície de 3.7 m/s2 (para efeito de comparação, a gravidade na superfície da Lua é igual a 1.62 m/s2).

A distância média de Mercúrio ao Sol é de 57.909.175 quilômetros, ou cerca de 30% da distância média entre a Terra e o Sol. Do nosso ponto de vista na Terra, o disco solar é aproximadamente quase 200 vezes maior que a silhueta de Mercúrio, quando o pequeno planeta encontra-se mais próximo do Sol e mais distante da Terra.

Apesar de ser o planeta mais próximo do nosso Sol, não é o mais quente (o mais quente é Vênus). Mercúrio tem rotação lenta e atmosfera praticamente inexistente. As temperaturas na superfície variam de extremamente quentes a muito frias.

Enquanto se move em sua órbita interna em relação à Terra, quando observado ao telescópio, Mercúrio exibe sua sequência de fases completas, semelhante ao que acontece com Vênus e com a Lua.

Por ser o planeta mais próximo do Sol, não demora muito para percorrer toda a órbita. Conclui integralmente seu giro em torno do Sol em apenas 88 dias terrestres (ano mercuriano - 87.97 para ser mais exato). Porém, o pequeno planeta rotaciona em torno de seu eixo muito lentamente, em comparação com a Terra.

Essa lentidão rotacional faz com que, para um observador na superfície de Mercúrio, um único dia mercuriano demore duas vezes mais do que um ano mercuriano (88 dias terrestres), ou seja, são necessários 176 dias terrestres para completar a sequência de nascer do Sol, pôr do Sol e nascer novamente o Sol (ano curto e dia longo – rápida órbita e lenta rotação).

Inclinação e interseção de órbitas - Por que acontece o trânsito?

A órbita de Mercúrio é altamente excêntrica, ou seja, sua órbita se distancia da forma circular, traçando um trajeto bastante elíptico.

A órbita de Mercúrio é inclinada 7 graus em relação ao plano da órbita da Terra. Assim, na maioria das vezes em que Mercúrio atinge sua conjunção inferior (posicionamento entre o Sol e a Terra), o pequeno planeta se move acima ou abaixo do Sol, e não passa através do disco solar, a partir do nosso ponto de vista na Terra.

O transito de Mercúrio só acontece se o planeta estiver em conjunção inferior com o Sol (entre a Terra e o Sol). Além disso, também é necessário que Mercúrio cruze com o plano orbital da Terra (eclíptica). O ponto de cruzamento da órbita do planeta com o plano da eclíptica é chamado de “nodo”, e pode ser ascendente ou descendente. O cruzamento da linha de “nós” ou “nodos” acontece todos os anos, próximo aos dias 08 ou 09 de maio (uns dias antes ou depois) e novamente seis meses depois, próximo aos dias 10 ou 11 de novembro (uns dias antes ou depois).

Em maio Mercúrio está próximo ao afélio (ponto de órbita mais afastado do Sol) e, por isso, move-se mais lentamente em sua órbita. Em novembro ele está próximo do periélio (ponto da órbita mais perto do Sol) e, por isso, move-se mais rápido em sua órbita. Os trânsitos de novembro tem o dobro da frequência dos de maio. Durante o transito de maio.

No periélio, a velocidade orbital de Mercúrio atinge 59,0 km/s, valor esse que é 50% mais rápido do que no afélio, que atinge 38,9 km/s.

Os trânsitos de maio ocorrem no nodo descendente da órbita de Mercúrio. Nos trânsitos de maio (afélio – mais afastado do Sol e mais próximo da Terra), Mercúrio apresenta um diâmetro angular de 12 arco-segundos e o Sol apresenta diâmetro angular de 1902 arco-segundos. Nessa época, Mercúrio mostra-se com um tamanho de aproximadamente 1/158 do tamanho do Sol, quando visto da Terra.

Os trânsitos de novembro ocorrem no “nó ascendente” da órbita de Mercúrio. Nos trânsitos de novembro (periélio – mais próximo do Sol e mais afastado da Terra), Mercúrio apresenta um diâmetro angular de 10 arco-segundos e o Sol apresenta 1937 arco-segundos. Nessa época, Mercúrio possui um tamanho de aproximadamente 1/194 do tamanho do Sol, quando visto da Terra.

Quando o transito ocorre em maio, Mercúrio fica próximo ao ponto de afélio de sua órbita (ponto mais distante do Sol e mais próximo da Terra). Assim, durante os trânsitos de maio, Mercúrio fica mais próximo da Terra, e se apresenta maior que nos trânsitos de novembro (numa passagem central pelo disco solar em maio, o trânsito poderá durar quase 8 horas).

Quando o transito ocorre em novembro, Mercúrio em sua órbita está próximo ao ponto de “periélio” (ponto mais próximo do Sol e o mais distante da Terra). Assim, Mercúrio apresenta-se com seu diâmetro angular menor, mas com velocidade aparente é mais rápida. Um trânsito pela região central do disco solar em novembro possui duração de aproximadamente 5,5 horas.

O último trânsito de Mercúrio ocorreu em 09 de maio de 2016 (http://vaztolentino.com.br/conteudo/804-Transito-de-Mercurio-09-05-2016). Hoje, 11 de novembro de 2019, aconteceu mais um. O próximo só ocorrerá em 13 de novembro de 2032.

As etapas de um trânsito:

Nos eventos de trânsito, existem quatro partes principais, chamados de contatos.

Tudo começa com o primeiro contato de Mercúrio, objetivando a entrada no disco (momento em que a silhueta de Mercúrio toca pela primeira vez (tangencia) externamente na borda do Sol).

O segundo contato ocorre no instante em que Mercúrio ultrapassa a borda solar (tangencia internamente a borda) e se insere completamente no disco.

O terceiro contato acontece quando a silhueta de Mercúrio ainda dentro do disco solar toca (tangencia) internamente a borda oposta, objetivando a saída do disco.

No quarto contato, Mercúrio sai completamente do disco do Sol, tocando externamente pela última vez, na borda solar.

No segundo contato ocorre o efeito de ilusão ótica, conhecido como “blackdrop” (gota negra), no qual a minúscula silhueta de Mercúrio parece se esticar (como uma gota), quando se afasta do limbo solar. O efeito pode acontecer de forma inversa, no terceiro contato, pouco antes da silhueta de Mercúrio tocar o próximo limbo solar, objetivando a saída do disco.

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