Informações sobre a Foto
Um canal (Rima) pouco estudado, anônimo, próximo de CASSINI
Imagem: Lua cheia mostrando a abrangência da foto enfocando o fino canal sem nominação.
Um canal (Rima) pouco estudado e sem nominação pela IAU (International Astronomical Union), próximo da Cratera CASSINI (e, também, uma surpresa no final)!
Analisando as selenofotos obtidas em 14 de abril de 2016, observei um longo e delgado canal ou Rima que ainda não tinha notado ou prestado a atenção. Boa parte dessa misteriosa formação encontra-se localizada entre a Cratera CASSINI e a cordilheira dos montes CAUCASUS, na região da Cratera CALIPPUS.
Pesquisei em alguns atlas lunares (a Rima estava lá, mas nada citavam a seu respeito), no acervo de literatura técnica (não aparecia nenhuma referência à sua existência) e na Internet (nada).
Praticamente nada descobri. Só achei uma mínima citação no “The Cambridge Photographic Moon Atlas” (autores: Alan Chu, Wolfgang Paech e Mario Weigand), na página 92, onde informam o seguinte: “An interrupted, very narrow, nameless rille lies between CASSINI and the crater CALIPPUS” (Um canal muito estreito e interrompido, sem nominação, localiza-se entre as Crateras CASSINI e CALIPPUS.).
Isto posto, resolvi trabalhar mais em cima desse canal anônimo, para que essa formação e suas características fiquem um pouco mais conhecidas.
Utilizando imagens da sonda lunar LRO da NASA, calculei algumas dimensões dessa pouco conhecida e nada divulgada Rima, manipulando as ferramentas do LRO Act-React QuickMap.
As medidas da Rima:
A fina Rima tem um circuito total de comprimento que atinge aproximadamente 183 Km. Sua largura varia de 2 Km a 2,5 Km. Sua profundidade média gira em torno dos 30 m (exceto nos trechos em que o canal quase vira uma escarpa). Veja abaixo, a imagem da sonda lunar LRO da NASA, onde indico alguns pontos de referência para o circuito da Rima ou canal. A linha fina amarela segue paralelamente o caminhamento do delgado canal:
Imagem: Região entre a Cratera CASSINI e os Montes CAUCASUS, onde encontra-se a estreita Rima pouco estudada e sem nominação - LRO QuicMap.
Descrição do circuito completo da Rima:
A Rima inicia num ponto a 30 Km ao norte da Cratera CASSINI, segue na direção sudeste, atravessa uma pequena cratera fantasma, fácil de se observar, com cerca de 6 Km de diâmetro, em seguida é atravessada (impactada) pela cratera Cassini C (14 Km de diâmetro), corre mais um pouco para sudeste (desde seu início, nesse percurso sudeste, o canal ou rima percorreu cerca de 80 Km em seu comprimento), para então, fazer uma guinada quase para o sul (nessa parte, um pequeno “braço” adjacente da rima, segue curtamente em direção nordeste cerca de 8 Km de comprimento, o que talvez caracterizasse um sistema de canais ou “Rimae”), segue nesse percurso sul (no percurso sul, o canal percorreu cerca de 30 Km) até fazer uma guinada para sudoeste, onde segue por um bom pedaço, cerca de 48 Km (numa parte desse trecho, o canal quase vira uma escarpa, devido à sua encosta oeste ter ficado muito alta), até atravessar um canal curvo, como se tivesse circundando a metade de uma cratera fantasma de 22 Km de diâmetro (não é possível definir se o canal curvo faz parte da rima original ou não, pois se fizesse, caracterizaria mais uma vez um sistema de canais ou “Rimae”), continuando nessa direção por cerca de mais 25 Km.
Assim, essa delgada e anônima Rima de 183 Km de comprimento, bem que poderia chamar-se "Rima CASSINI", devido à sua proximidade física com essa proeminente cratera de impacto. Veja abaixo os perfis altimétricos de dois pontos do canal:
Imagem: Perfil altimétrico SW - NE da Rima anônima, na parte de seu segmento inicial (aquele que segue na direção sudeste - LRO QuickMAp.
Imagem: Perfil altimétrico NW - SE da Rima anônima, num ponto em que o canal quase se transforma numa escarpa, devido à parede oeste ter ficado muito alta - LRO QuickMap.
Imagem: Foto orbital da região obtida pela sonda lunar robótica americana Lunar Orbiter da NASA.
Um bônus - uma surpresa - uma pequena cratera superfantasma sem catalogação:
Analizando a mesma foto obtida em 14 de abril de 2016, no Observatório Lunar Vaz Tolentino, também observamos a existência, nessa mesma região, de uma pequena cratera superfantasma (quase totalmente inundada por lava), de difícil detecção, mesmo nas fotos orbitais da moderna sonda lunar LRO da NASA. Essa suposta pequena cratera superfantasma não possui nominação ou referência, ou seja, se não tem registro, é desconhecida. Verifique abaixo nas fotos do VTOL e da sonda lunar LRO da NASA.
Imagens: As fotos do VTOL e da LRO mostrando a existência de uma suposta cratera superfantasma próxima do canal anônimo - VTOL e LRO/NASA.
Analisando o perfil altimétrico da suposta pequena cratera superfantasma, observamos uma real cavidade que caracteriza uma cratera, apresentando aproximadamente 11 Km de diâmetro e 156 m de profundidade.
Isto posto, detalhes como esses apresentados aqui, nos faz pensar que a Selenografia (estudo científico da Lua) não é uma ciência morta e vale a pena ser praticada. Nos faz pensar também que a nossa Lua, é um enorme território extraterrestre que merece ser mais explorado, pois muitas surpresas e mistérios se escondem em sua bela, marcada e marcante superfície.
Veja abaixo a imagem do perfil SW - NW da suposta cratera superfantasma, mostrando sua concavidade:
Imagem: Perfil altimétrico SW - NE da suposta cratera superfantasma (quase totalmente inundada por lava basáltica), apresentando cerca de 11 Km de diâmetro e 156 m de profundidade - LRO QuickMap.
Na imagem orbital obtida pela sonda lunar robótica Lunar Orbiter da NASA, a suposta cratera superfantasma dá pistas de sua existência. Veja abaixo:
Imagem: Lunar Orbiter / NASA.
Foto executada com apenas 1 frame em 14 de abril de 2016, 19:01:44 (22:01:44 UT).