Informações sobre a Foto
Planeta MARTE.
Marte, de todos os planetas do Sistema Solar, é o que mais se assemelha com a Terra, embora tenha apenas metade do tamanho. É o quarto planeta a partir do Sol e também o planeta rochoso com órbita mais exterior. É chamado de “planeta vermelho” por que o terreno e as rochas de sua superfície são formados com grande quantidade de óxido de ferro ou ferrugem. Foi assim batizado por causa do deus romano de guerra: “Marte”.
Análise da foto
Por Bruno Vieira Gonçalves.*
Através de um refletor Skywatcher dobsoniano de 12" aberto a F/5 podemos contemplar quase todas as principais configurações no globo de marte durante as suas demoradas oposições (de 2 a 15 anos de cada vez), excetuando a observação da região polar sul pois ela nos é inacessível por causa da inclinação axial do planeta durante as oposições afélicas, ficando assim oculta atrás do disco do planeta. Nas oposições periélicas é o contrário que se dá.
Analisando as astrofotos de (a) a (f) percebemos que do dia 03/02/2012 até 04/03/2012 o planeta marte deu praticamente um giro completo. Na foto (a) a calota polar norte Planum Boreum com cerca de 1130 km de diâmetro aparece bem brilhante, e apesar de ela não ser muito espessa aparece uniforme em toda a sua extensão. Ao sul dela temos a região da planície de Utopia Planitia, uma área com 3276 km entre 35º e 50º de latitude e 310º a 195º de longitude, e famosa por ser o local de pouso da sonda Viking II e que delimita toda a calota norte de sudeste a sudoeste. A desafiadora região do planalto de Elysium Planitia com 5312 km de diâmetro pode ser reconhecida como um escurecimento quase em cima do meridiano central do planeta e um pouco acima da linha do equador. Um clareamento observado na região central é a também difícil região de se observar chamada de Elysium Mons com 180 km de diâmetro. Quase virando no limbo oeste as regiões de Phlegra Montes e Amazonis Planitia, uma planície com 2416 km de diâmetro na latitude de 168º e 140º de longitude são também reconhecidas como pequenos escurecimentos nessa foto. No limbo leste vemos a vasta planície de Syrtis Major com 1262 km de diâmetro começando o seu trânsito pelo disco do planeta na linha do equador, tendo ao sul e próxima da região polar sul outra grande planície com 4709 km chamada Terra Cimmeria e Hesperia Planum, um grande planalto com 2125 km e que juntos formam uma grande faixa escura (geralmente cinza-esverdeado) de nordeste a noroeste do planeta. A pequena mancha clara próxima ao meridiano central e um pouco a oeste é a região de Elysium Montes. Os clareamentos em quase todas as fotos na região polar sul são a região de Hellas Planitia, uma planície com 1955 km de extensão.
A foto (b) traz o que eu considero ser um troféu numa sessão de observação visual de marte que é a visualização da localização do Olympos Mons ou do vulcão Monte Olimpo, o maior vulcão do sistema solar, um monte com 540 km de diâmetro e que é visto na foto como um nítido clareamento circular no limbo oeste e um pouco acima da linha do equador. A planície de 3276 km de diâmetro chamada de Utopia Planitia aparece circundando a calota polar norte e no extremo sul do hemisfério sul a região de terra Cimmeria é detectada sem esforço.
As fotos (c) e (e) são praticamente as mesmas regiões e a região do golfo Sinus Sabaeus é vista como uma mancha superficial no planeta, ou como um apêndice horizontal de forma alongada tendo na extremidade leste Sinus Meridiani e o seu tradicional formato arredondado e a sudoeste é delimitado pela região de Deltoton Sinus, e a planície de Acidalia Planitia com 2615 km de diâmetro e que se faz presente no hemisfério norte a nordeste no globo do planeta se alargando até quase tocar o meridiano central. Ao sul vemos a região de Margaritifer Terra, um abismo com 430 km de diâmetro no sudeste do hemisfério sul marciano. O interessante nas duas fotos são os clareamentos em ambos os limbos (leste e oeste) e próximos à linha do equador que certamente são nuvens marcianas nas camadas medianas da sua atmosfera (provávelmente nuvens amarelas).
Finalmente a foto (f) nos revela a primeira região da superfície de marte a ser retratada por um desenho através de uma observação telescópica e que foi feita por Christian Huyghens em meados do ano de 1600, e que é a já citada anteriormente famosa área que lembra um "V" chamada de Sirtys Major ou Sirtis Maior, ou ainda o Mar da Ampulheta, que está bem situada na foto em cima do meridiano central do planeta tendo ao norte novamente a região de Utopia Planitia abaixo da calota Planum Boreum.
As áreas claras dos desertos marcianos que são ricas em óxido de ferro conferem fotográficamente uma coloração alaranjada ao planeta e que quando são observadas visualmente podem apresentar a famosa cor descrita pelos antigos observadores e por mim também registrada através de um refrator de 4.1/8" F/15 e 242x de aumento como uma coloração "rosa-salmão", muito bela mesmo de se observar e que se torna ainda mais evidente durante a aproximação máxima desse planeta. Apesar dessas astrofotos terem sido feitas com um grande refletor de 12" e apesar de marte estar numa oposição afélica e não apresentar assim um diâmetro angular aparente tão significativo (apenas 14" de arco nessa oposição), os instrumentos com aberturas inferiores também podem fazer um reconhecimento das configurações mais evidentes na superfície desse planeta rochoso e que possui uma atmosfera até certo ponto imprevisível, com ventos furiosos sendo soprados nos seus desertos levantando continentais nuvens de poeira e areia que chegam a cobrir toda a superfície do planeta, mostrando que marte possui uma atmosfera que pode ou não contribuir para as observações dos seus detalhes na sua superfície inóspita em determinadas épocas, principalmente durante as oposições periélicas quando ele se encontra em máxima aproximação, cerca de 56 milhões de quilômetros, contra os 100 milhões quilômetros nessa atual oposição. De qualquer forma vale a pena o estudo desse mundo que suscitou e ainda suscita muitos mistérios no decurso da história do seu estudo, a aerografia.
* Bruno Vieira Gonçalves é moderador do Astro Fórum
Fotos com apenas 1 frame, sem longa exposição ou “empilhamento”. Não foram utilizados filtros.
Telescópio:
Refletor Dobsoniano SkyWatcher Collapsible Truss-Tube;
Barlow:
Celestron Ultima 2X Barlow;
Câmera:
Orion StarShoot Solar System Color Imager III;