Informações sobre a Foto
MARTE na madrugada de 03/FEV/2012 ** (veja relato sobre a observação de MARTE em informações sobre esta foto).
Observação de MARTE na madrugada de 03/FEV/2012, por Bruno Vieira Gonçalves.
03/02/2012
Observação de MARTE:
Instrumento: Luneta Jaegers 103mm d/f 1575mm (F/15).
Oculares: 15mm (105x), 10mm (157x), 9mm (175x), 8mm (196x), 6.5mm (242x) e 4mm (393x).
Filtros: #11-amarelo-verde, #21-laranja, polarizador GSO.
Condições Atmosféricas: UR 15% máxima 18º contendo alguns cirros a leste mas no geral excelente.
Hora: início 04:30hs (TU 07:30)-término 06:00hs (TU 09:00).
Localização: 19º42'03"S/43º57'18"W
Comecei a sessão de observação aumentando gradualmente, e com 105x o disco de marte revelou-se diminuto e com uma coloração rósea-alaranjada com a calota Planum Boreum proeminente e bem visível de coloração branca e bem brilhante no pólo norte marciano.
Com aumentos entre 157x e 175x foram registradas as mesmas observações anteriores e com escurecimentos próximos à borda sul da calota e a sudeste e sudoeste no disco do planeta.
Elevando os aumentos para 196x e utilizando um filtro polarizador as configurações tomaram forma, e confirmei a calota Planum Boreum com uma coloração esbranquiçada cuja delimitação (anel) ao sul era bastante escura e nela começava descendo em direção ao equador a região de Utopia Planitia, tendo a oeste a desafiadora e região de difícil observação Elysium Planitia. Abaixo do equador e a sudeste reconhecí a região de Arabia Terra próxima ao limbo leste com a configuração de Syrtis Major a oeste e já entrando no disco tendo na sua extensão a oeste a região curva de Oenotria Scopulus e as áreas de Tyrrhena Terra, Promethei Terra e na maior extremidade da configuração quase que tocando o limbo na parte sudoeste a região de Hesperia Planum culminando na Terra Cimmeria. A calota polar Sul aparecia apenas como um clareamento nas regiões polares próximas a Hellas Planitia.
Elevei para 242x com uma ocular Zeiss de 6.5mm e as configurações se definiram melhor. Testei com o filtro #11-amarelo-verde e as áreas claras ficaram mais destacadas das configurações escuras que sofreram um leve acréscimo no esverdeamento nelas observado. As áreas escuras acima citadas apesar de apresentarem as bordas ainda como que meio difusas tinham as suas formas bastante distintas sendo muito fácil reconhecê-las e lhes dar nome. Aproveitando as ótimas condições atmosféricas e com marte já passando do zênite utilizei uma ocular de 4mm (393x) com o filtro #21-laranja, e esse filtro mostrou porque veio ao mundo. Os contrastes entre as configurações claras e escuras ficaram bem melhores e mais realçados, e nas configurações escuras embora com as extremidades das bordas difusas e elas ficarem como que mais escurecidas, perderam apenas parte da coloração esverdeada.
As configurações escuras apresentavam uma coloração cinza-esverdeada sem o filtro 21-laranja e as bordas se apresentavam como que difusas porém as formas nos contornos das configurações mais evidentes eram nítidas e as áreas claras apresentavam-se ora róseo-alaranjado ora róseo-"enferrujado". A calota polar Planum Boreum ainda apresentava um diâmetro apreciável e a região de Elysium Planitia ainda se conservava visível bem como um clareamento nas regiões do extremo sul denunciando a presença da outra calota polar. Mesmo com 393x dava para ver uma estrela de fundo a leste de marte. Realmente hoje o filtro #21-laranja na superfície marciana provou que é um filtro excepcionalmente indicado para destacar as configurações escuras na superfície das áreas claras. Quando o planeta começou a declinar a oeste as imagens começaram a perderem a nitidez e alguns lampejos alaranjados começaram a aparecer contra o fundo do céu antes negro e próximo ao limbo do planeta. Nesse ponto eu encerrei a sessão de observação.
Apesar de ainda bastante pequeno o diâmetro aparente do planeta, algo perto de 12" de arco no máximo e nessa oposição afélica no dia 03/03/2012 ele chegará a 14" de arco o que pode parecer alguma melhora, porém só nas oposições periélicas (as de 15 em 15 anos) é que marte chega a ter impresionantes 25.4" de arco, porém é a época das tempestades de areia e pó deixando todo o disco do planeta alaranjado e fazendo desaparecer as configurações escuras. Você espera 15 anos, às vezes até 17 anos essa máxima aproximação de marte (56 milhões de km contra uns 90 a 100 milhões de km na de agora) e corre o risco de passar os melhores 40 dias para observá-lo vendo apenas um disco alaranjado. Esse planeta é complicado, eu tô falando!
Bem, todas as áreas acima citadas foram reconhecidas e o diâmetro aparente do planeta no campo do refrator aumentou sensívelmente por causa do aumento elevado porém não recomendado pois creio que essa extrapolação de limite aconteça naturalmente em instrumentos (falo no caso de refratores) acima de 4 polegadas de abertura e no mínimo 15x a distância focal (não quero afirmar isso como a verdade, apenas estou supondo e baseando em experiências bem sucedidas, e no caso de refratores com F mediano ou curto o uso de um diafrgma na objetiva), porém podem terem sido também ou conjuntamente as excepcionais condições atmosféricas aqui e lá em marte além da escuridão total em que eu me encontrava fazendo as observações. É uma pena marte ser um mundo tão pequeno e as melhores oposições ocorrerem somente de 15 em 15 anos (a última em 2003 e a próxima em 2018), mas mesmo assim foram imagens bem nítidas e as formas das configurações dentro dos limites do meu velho refrator Jaegers estavam inquestionáveis e as configurações mais evidentes foram reconhecidas sem dificuldades.