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A cratera Beaumont L e o cryptomare.
A cratera Beaumont L e o cryptomare:
Imagem: Lua cheia apresentando a abrangência da foto enfocando a pequena Cratera Beaumont L - VTOL.
Crateras de Halo Escuro: “Cinzas Vulcânicas” X “Cryptomare”:
Os halos escuros no entorno de crateras apresentam, como o próprio nome diz, baixo albedo (taxa de reflexão de luz), o que faz com que se destaquem do albedo da superfície circundante.
Uma cratera de halo escuro pode ser uma pequena cavidade que teve sua origem no vulcanismo, sendo que, o halo escuro do seu entorno, foi formado por deposição de material piroclástico ou cinzas vulcânicas. As cinzas escuras presentes no halo indicam que ali, no passado lunar, ocorreram erupções. Minúsculas cavidades desse tipo podem ser encontradas, por exemplo, no interior da grande cratera ALPHONSUS (diâmetro: 111 Km, profundidade: 2,73 Km) e no interior da grande cratera ATLAS (diâmetro: 87 Km, profundidade: 2,05 Km).
Porém, uma cratera de halo escuro também pode ter sua origem num impacto de um corpo vindo do espaço. Nesse caso, o halo escuro foi formado por material escuro escavado (basaltos de antigos mares) que estava escondido sob uma camada de material mais jovem e claro (alto albedo) que foi depositada por sobre a região. A referida camada de material claro teve sua origem nos materiais ejetados pelos impactos que criaram grandes bacias ou as crateras existentes nas terras altas próximas. Nesse caso, o halo escuro revela antigos materiais oriundos de cryptomare. Um exemplo desse tipo de cratera (criada por impacto e circundada por halo escuro de material escavado, oriundo de basaltos de antigos mares) pode ser encontrado próxima da orla noroeste do Mare NECTARIS, na região da grande cratera THEOPHILUS (diâmetro: 110 Km, profundidade: 4,1 Km) . Estamos falando da pequena cratera de impacto Beaumont L (diâmetro:4 Km, profundidade: 0,9 Km). Outro exemplo, é a pequena cratera Copernicus H (diâmetro: 4,5 Km, profundidade: 1,1 Km), localizada a aproximadamente 30 Km a sudeste da grande e destacada cratera COPERNICUS (diâmetro: 93 Km, profundidade: 3,8 Km).
Um depósito de cryptomare pode ser definido como parte integrante de antigas planícies vulcânicas (antigos basaltos), que foram posteriormente cobertas (enterradas) por camadas de materiais mais recentes e claros, ejetados pelos impactos que criaram bacias próximas ou as crateras das terras altas. A camada de material claro mascara a superfície basáltica anterior verdadeira, tornando-a oculta ou enterrada (crypto).
O estudo das crateras de halo escuro ("dark halo craters") pode fornecer informações importantes sobre a geologia, mineralogia e evolução de certos depósitos de materiais de origem vulcânica (cryptomare), que foram escondidos ou soterrados abaixo de camadas com materiais com alto albedo.
Antigas pesquisas selenográficas (e outras mais recentes utilizando tecnologia de radar) identificaram "cryptomaria" com base em assinaturas de ferro e de titânio dentro do terreno das terras altas, e também, pela presença de crateras com halos escuros, detectadas opticamente, formados por material máfico (mineral, magma ou rocha ígnea que seja rica em ferro e magnésio, porém pobre em sílica) escavado de certa profundidade.
A pequena cratera de halo escuro Beaumont L:
A pequena e destacada Cratera Beaumont L (diâmetro: 4 Km, profundidade: 900 m, coordenadas selenográficas: LAT: 14.4° S, LON: 30.0° E), localizada na metade oeste do Mare NECTARIS, representa uma ocorrência de cratera de halo escuro. Durante um voo orbital da missão APPOLO 14, os astronautas notaram na Cratera Beaumont L, uma anomalia de coloração (apresentava-se meio “verde oliva” – devido à presença do material "olivina", mais tarde confirmado – veja mais abaixo a imagem de Beaumont L no “Albedo Color Map” da NASA e a foto da tripulação da missão APOLLO 14). Anos mais tarde, a sonda lunar robótica LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA, executou fotos de “close up” da pequena Cratera Beaumont L, levantando dados geológicos e revelando um minúsculo e baixo pico central, escondido no fundo da cratera.
Pesquisas realizadas com o uso de modernas câmeras e outras tecnologias embarcadas na sonda lunar americana LRO, capturaram detalhes morfológicos e forneceram evidências de que a Cratera Beaumont L tem sua origem num impacto e não em processos vulcânicos. Análises mineralógicas da composição do material de Beaumont L indicam a presença de uma unidade de “cryptomare”. Assim, a pequena Cratera Beaumont L escavou materiais abaixo da superfície e ajudou revelar a existência de material com composição característica de “cryptomare”, colaborando com isso, no entendimento da história geológica da sua região.
O “cryptomare” revelado pela escavação do impacto que criou a Cratera Beaumont L é rico em olivina (material esverdeado presente em rochas ígneas). Estudos sobre os aspectos e caractrísticas do albedo de Beaumont L, indicam que sua tonalidade escura esverdeada é completamente atribuída aos depósitos de olivina, sem qualquer adição de vidros, cinzas ou materiais derretidos.
Imagem: A pequena cratera Copernicus H (diâmetro: 4,5 Km, profundidade: 1,1 Km), citada no terceiro parágrafo do texto acima.
Imagem: A pequena Cratera Beaumont L fotografada em voo orbital pela tripulação da missão APOLLO 14. Note a coloração diferenciada - NASA.
Imagem: A pequena Cratera Beaumont L fotografada em voo orbital pela sonda lunar robótica LRO da NASA.
Imagem: Região da Cratera Beaumont L que consta do "Albedo Color Map" da LRO. Note a coloração diferenciada da pequena cratera.
Imagem: O perfil altimétrico SW - NE da pequena Cratera Beaumont L - note como o montículo central é baixíssimo - NASA LRO QuickMap.
Foto executada com apenas 1 frame em 25 de junho de 2012, 18:46:34 (21:46:34 UT).
Foto executada com apenas 1 frame em 19 de junho de 2018, 18:21:48 (21:21:48 UT).
Foto executada com apenas 1 frame em 13 de abril de 2016, 18:31:36 (21:31:36 UT).
Foto executada com apenas 1 frame em 24 de maio de 2015, 19:07:14 (22:07:14 UT).
Foto executada com apenas 1 frame em 18 de junho de 2018, 19:13:42 (22:13:42 UT).