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A cratera ARISTARCHUS, o fenômeno TLP e Projeto LION.
TLP - Transient Lunar Phenomena:
O termo TLP (do inglês Transient Lunar Phenomena) significa um fenômeno lunar transitório, breve ou passageiro, sendo um assunto misterioso e não comprovado, que talvez tenha ligação direta com atividades vulcânicas lunares remanescentes, o que poderia indicar, se comprovado, que a Lua não está geologicamente morta.
TLP é um evento temporário observado na superfície da Lua, tomando a forma de aparições de brilhos anormais, obscurecimento ou mudança de cor em determinados pontos da superfície lunar. Tais eventos têm sido relatados por muitos observadores da Lua desde a época do astrônomo inglês Sir John Frederick William Herschel (1738 — 1822) e costumam ser tomadas como evidência de atividade vulcânica remanescente ou escape de gases na superfície lunar.
Observadores regulares da Lua ocasionalmente reportam estranhas aparições de curta duração, incluindo brilhos muitas vezes coloridos e obscurecimentos causados por névoa que envolve pequenas áreas da superfície lunar. Esse assunto não é coisa nova, pois os relatórios remontam aos últimos séculos. Mas, quando no século XX foi estabelecido que a Lua não possuía essencialmente nenhuma atmosfera, a maioria dos astrônomos comungavam da opinião de que os estranhos fatos observados se explicavam como ilusão de ótica ou efeitos causados pela ótica dos equipamentos. Porém, nos últimos tempos, muitos astrônomos profissionais de observatórios importantes, também registraram a ocorrência de visualizações de TLP.
Numa publicação da NASA de 1968 intitulada “Cronological Catalog of Reported Events", foram pesquisadas, desde os séculos passados até 1967, cerca de 579 relatos de observações de fenômenos diversos ocorridos na Lua.
A criação do termo TLP ocorreu em 1968 e é atribuído ao falecido astrônomo inglês Sir Patrick Moore, autor de muitos livros sobre astronomia, apresentador de programas de astronomia em rádio e Televisão e colunista da revista inglesa Sky at Night.
TLPs na cratera ARISTARCHUS:
Em 1787, William Herschel reportou a observação de “brilhos flutuantes” na cratera ARISTARCHUS (diâmetro: 40 Km, profundidade: 3,15 Km, coordenadas selenográficas: LAT: 23° 42′ 00″ N, LON: 047° 24′ 00″ W), famosa por ser a mais brilhante cratera de grande porte da Lua.
Em 30 de outubro de 1963, os astrônomos James Clarke Greenacre and Edward M. Barr, pertencentes ao Lowell Observatory, Flagstaff, Arizona / EUA, reportaram a observação de intensas manchas coloridas de vermelho e rosa, nas redondezas da cratera ARISTARCHUS (especificamente, no lado sudoeste da "Cabeça da Cobra", numa colina a sudeste do Vallis Schröteri e a na borda interior sudoeste da cratera ARISTARCHUS). Os brilhos foram mudando de intensidade enquanto os astrônomos observavam e desapareceram após 25 minutos. Greenacre e Barr utilizaram o grande telescópio refrator de 24 polegadas (61 cm) do Observatório Lowell nessas observações de TLPs.
O Projeto LION - Lunar International Observers Network:
Durante o programa americano APOLLO (1968-1972), a NASA / JPL e o Smithsonian Institution, criaram o Projeto LION (Lunar International Observers Network), rede mundial de observadores da Lua, composta por astrônomos profissionais e amadores, com o objetivo de observar e identificar a ocorrência de TLPs. Os fenômenos que por ventura fossem registrados deveriam ser reportados imediatamente para a NASA, com o intuito de contribuir com a segurança dos astronautas das missões APOLLO.
Para o Brasil, a Dra. Barbara M. Middlehurst, da Smithsonian Institution, indicou como coordenador do Projeto LION, o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, do Observatório Nacional / RJ. Ronaldo Mourão inicialmente montou uma equipe com 5 experientes observadores: Rubens de Azevedo, Jean Nicolini, José M. Luis da Silva, Cláudio Pamplona e Nelson Travnik.
Em 1969, durante o programa LION, Rubens de Azevedo e também Nelson Travnik, observaram o aumento de brilho incomum na cratera ARISTARCHUS. A ocorrência foi imediatamente reportada à NASA, pelo Observatório Nacional, via Embaixada Americana. Observadores da Alemanha ocidental também constataram o fenômeno. O comando da missão em Houston informou via rádio aos astronautas da missão APOLLO 11 sobre a ocorrência do TLP em ARISTARCHUS. Logo em seguida, o piloto do módulo de comando da APOLLO 11, astronauta Michael Collins, informou a confirmação da visualização da luminescência incomum em ARISTARCHUS.
Ao final do Pojeto LION, um total de 23 astrônomos brasileiros (profissionais e amadores) estavam envolvidos no projeto. Entre a missão APOLLO 8 até a missão APOLLO 13, foram reportadas pelos brasileiros, cerca de 63 ocorrências de TLPs, em diversas outras formações lunares.
TLP é uma das poucas áreas de estudo de caráter genuinamente científico que resta para o selenógrafo amador, porém é uma área altamente controversa, pois tais fenômenos, ainda hoje são mal compreendidos.
Composição fotográfica: Fotos executadas com apenas 1 frame cada. Maior: 21 de maio de 2013, 22:39:22 (01:39:22 UT). Menor: 02 de julho de 2012, 02:55:18 (05:55:18 UT). Detalhes: Fotos orbitais da sonda lunar robótica LRO da NASA.