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Telescópio Refrator TASCO 60 mm - LUMINOVA – Modelo 40-060660 – REVIEW

Telescópio Refrator TASCO 60 mm - LUMINOVA – Modelo 40-060660 – REVIEW

Por João Marcos

Tendo sempre ouvido falar neste telescópio, um Tasco de 60 mm, me veio a oportunidade de fazer uma avaliação mais precisa e técnica de um instrumento tão depreciado por tantos e tão vendido em todo o planeta. Afinal, vale à pena investir em um instrumento desses?

É um refrator com uma relação focal longa F/13.3 o que lhe confere uma imagem praticamente isenta de aberrações cromáticas, ponto positivo na avaliação.

Para dar portabilidade a um equipamento de foco igual a 800mm a Tasco utilizou um focalizador que embute no interior do tubo principal quase 15 cm. Para guardar ou transportar tal equipamento “encolhe” bastante favorecendo a portabilidade.

O tubo de metal é rígido, bem alinhado e com bom acabamento. E também é leve e se mantém em equilíbrio na montagem azimutal que acompanha o instrumento.

Todas as peças podem ser desparafusadas e desencaixadas possibilitando limpezas e outras interferências. A diagonal de 90 graus é de plástico e ABS mas, mesmo assim, responde muito bem aos aumentos não prejudicando a imagem. O focalizador é simples, com cremalheira, e atende satisfatoriamente aos aumentos de até 133X. A buscadora utilizada não foi a original mas uma Red Dot (ponto vermelho).

O longo curso do focalizador e o sempre útil porta-ocular da montagem original: leveza e praticidade.

LUA

A imagem da Lua é muito nítida e com excelente contraste até 133X.  As partes baixas do relevo lunar (regiões escuras) ficam bem sóbrias e crateras como COPERNICUS oferecem uma imagem surpreendente e cheia de detalhes. Todo o relevo próximo ao terminadouro (linha da sombra) aparece bem marcado e sem aquela coloração azulada típica da aberração cromática. Pode ser usado para cronometragm de passagem da sombra da Terra nas crateras em eclipses e ocultações de estrelas e planetas pela Lua.

JÚPITER

Na observação de Júpiter, os cinturões se mostram de forma nítida assim como as partes mais escuras nos pólos e, eventualmente, algum oval mais escuro, já à partir de 100X (8mm). As ocultações e trânsitos de seus 4 principais satélites pode ser observados em 80X com boa qualidade onde vale ressaltar a nitidez da curvatura do planeta em uma imagem muito nítida. A Grande Mancha Vermelha (GMV) pôde ser observada na madrugada do dia 09 de janeiro de 2014 usando diagonal e ocular adedquadas em uma ampliação de 133x, em noite de boa visibilidade, aproveitando a proximidade da oposição de Júpiter ocorrida em 05 de janeiro, quando ela cruzava o meridiano central do planeta.

MARTE

Foi possível observar a calota polar norte.

VÊNUS

Vênus se mostra muito nítido em 89X (9mm) podendo ser facilmente identificáveis suas fases, inclusive de dia, bem antes do pôr do sol.

SATURNO

Saturno fica um pouco escuro em 100X e melhora seu brilho em 89X. Pode-se ver seu maior satélite, Titan, e o espaço entre o planeta e os anéis. Não foi possível identificar outros satélites nem a Divisão de Cassini.

CÉU PROFUNDO

Em céu profundo, com uma plossl de 20mm, 40X de aumento, pode-se alcançar facilmente a magnitude limite para 60mm, que é de aproximadamente 11, nas regiões mais altas do céu (zênite), várias estrelas duplas muito próximas entre si e, com 64X, ver de forma clara, as quatro principais estrelas do trapézio da M42. Bom poder de separação e cores bem definidas. Porém, a baixa qualidade no revestimento da objetiva provoca muitas perdas por reflexão fazendo com que a imagem não fique com o brilho que poderia ter. Associado a uma relação focal muito longa (f/13,3) torna o equipamento mais útil para observações lunares e planetárias do que para globulares e galáxias.

Para grandes aglomerados abertos como M7, M6, as Pleiades (M45) e muitas das regiões estelares da Via Láctea, oferece boa resolução e estrelas bem pontuais.

Para observação de estrelas variáveis pode ser usado em alvos de magnitude entre 7 e 9 por ter um campo mais restrito em função da longa relação focal (F/13).

 

OCULARES

Acompanha esse Tasco um conjunto de três oculares: H 25mm, H 12,5mm e SR 4mm. As oculares de 25 (32X) e 12,5mm (64X) possuem ótima qualidade porém campo muito reduzido (cerca de 30o) exigindo a aquisição de uma Plossl (52o) para se ter um campo mais favorável para observação em céu profundo.

A ocular SR 4mm, por comparação, pareceu ser de 6mm e não possui uma boa capacidade de dispersão fazendo com que a imagem fique ligeiramente embaçada. As oculares que vem junto com os telescópios costumam não serem aproveitadas inteiramente e, freqüentemente, se faz necessário a aquisição de oculares mais específicas para observação planetária ou de céu profundo.

Adaptação com braçadeiras de 60mm para fixação na AZ3 e as oculares originais.

BARLOW

Uma peculiaridade sobre a lente tipo Barlow deste Tasco: muitas vezes vi comentários pejorativos sobre as barlows dos refratores da Tasco. Dizia-se que não formavam imagem. Porém, no manual que acompanha o telescópio, existe um alerta para que não se use a barlow junto com o espelho diagonal de 90 graus. A indicação é para que se use a barlow apenas com a ocular, sem a diagonal. Usar um telescópio para fins astronômicos sem uma diagonal não faz sentido. Mas é o projeto óptico do fabricante e esta opção não desqualifica o equipamento. Por estas razões não fora utilizada a lente de Barlow para esta avaliação.

OBSTRUÇÃO INTERNA

Existe, inexplicavelmente, três obstruções no interior desse Tasco que limita a abertura em pouco mais de 45mm, escurecendo a imagem. Isso também aconteceu com minha luneta da Jiehe. Não sei porque os fabricantes fazem isso. A primeira, de 60mm e com uma abertura de 26mm, estava colocada a cerca de 34cm da objetiva e as outras duas obstruções, de 30mm com uma abertura central de 13mm, estavam dentro do focalizador. Então, cuidadosamente, retirei a obstrução do tubo principal e as outras duas. A imagem se tornou muito mais clara e sem perdas na qualidade óptica.

MONTAGEM

O tripé em alumínio com três estágios vem com um sempre útil porta-oculares e ajuste de movimento lento na vertical. Tudo muito prático, leve e funcional. Porém, qualquer vento desestabiliza a montagem e para aumentos acima de 50X a trepidação prejudica muito a focagem. Para proceder uma análise mais aprofundada de um equipamento que se mostra mais eficiente em aumentos maiores, fora feita uma adaptação com abraçadeiras de 60mm parafusadas em uma peça de madeira e fixadas em uma montagem AZ3, muito mais estável e possibilitando o uso de aumentos bem maiores.

A robustez da montagem AZ3 confere estabilidade sem perder portabilidade ao conjunto.

 

CONCLUSÕES

Em um ambiente urbano é, sem dúvida, uma boa opção na Astronomia onde a prioridade é observação lunar e planetária, conseguindo um bom contraste para observação de aglomerados abertos por uma relação de custo benefício excelente. Infelizmente, injustiçado pelos vendedores de telescópios, que induzem as pessoas a comprarem algo que seja mais caro e agregue muitos acessórios, esse tipo de equipamento não recebe o valor devido.

 

RESUMO:

PONTOS POSITIVOS: muito leve, portátil, boa óptica, baixo custo, bom acabamento e de fácil manuseio;

PONTOS NEGATIVOS: montagem original instável (pode ser substituída), relação focal muito longa, (pode-se usar oculares de 32 e 40mm), obstruções internas (podem ser removidas) e baixa qualidade no revestimento das lentes;

João Marcos é observador de estrelas variáveis e membro da AAVSO - USA.

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